quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O Meu Velório

A gente pensa muito na vida, né? Mas espera um minuto: e minha morte? Dá licença que vai ser um acontecimento!? Eu vivo com tanta intensidade pra morrer e simplesmente "compra um caixão ai, compra umas flores e vá com Deus"?
Ah, desculpa, mas comigo não!

É meio bizarro, eu sei, mas eu sempre pensei no meu velório. Pelo meu direito de poder passar dessa pra melhor da melhor maneira, deixo registrado aqui tudo que quero no meu velório. Espero que meus familiares e amigos levem à sério e façam tudo. Por mim, ok? Juro que vai ser o último incômodo que eu vou dar pra vocês.

Vou doar todos os meus órgãos. Tudo que puderem aproveitar. Unha, pele, whatever. O fígado eu não posso prometer, sabe como é, e nem meu Rim porque vendi semana passada.
Pelo amor que tiveram um dia por mim; eu não quero ser enterrada. Não quero verme nenhum me comendo. Já bastam os que me comeram em vida. Quero ser cremada.

Aproveitando a idéia do meu amigo Rodrigo Vasques, no meu velório cada um vai tomar uma dose de José Cuervo. E se você não bebe nem apareça por lá. Eu quero uma dose pra cada um.
Não quero falsos amigos no velório. Já diria um amigo meu outro amigo Dante Graça: quando alguém morre todo mundo é amigo. "poxa, um amigão meu faleceu ontem. era novo, coitado, 25 anos" Mentira, estudaram na 5ª série e nunca mais se viram. Até eu morrer acredito que ainda existirá alguma rede de relacionamentos via web tipo orkut ou twitter e aí convidem quem estiver ligado ao meu perfil.

Sabem aquele cartão de lembrança que mais parece um santinho de político? Não quero que coloquem aquela foto 3x4 ridícula de mil anos atrás e o Salmo 23 com uma mensagem de "Descanse em paz" Meu cartão de lembrança vai ser estiloso, com uma foto onde a iluminação me favoreça e o trecho de alguma música decente (ainda tô pensando na música, não decidi) junto com a frase do Álvaro de Campos Pessoa: "Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. à parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

Em velório sempre rolam aqueles papos de "poxa, era uma boa moça" ou "nossa, vivemos muitos momentos juntos" né? Então, quero que preparem um vídeo pra rolar em um telão. Alguém pode ficar responsável por isso e então todos mandam fotos, videos, tudo que tiverem de mim pra essa pessoa, ok?
Um buffet decente, por gentileza? Quem me conhece sabe o meu pavor por arroz frio e coisa requentada. Quero louça branca e talheres da mesma cor, tá? (Me dá agonia comer com um garfo azul e uma faca laranja)

Eu acho que meu velório bombaria. Perguntei pra todos meus amigos que estavam online ontem no msn se eles chorariam se eu morresse. 26 deles chorariam, 8 deles não chorariam, 6 não responderam, 4 riram e mandaram eu ir tomar no cu e 1 disse que ia gritar: "não vááááá, não saberei viver sem vocêêê! me leva juuuunto".

Eu sei, pra fazer tudo isso iria demorar um tempinho, mas poxa, se o Michael Jackson tá esperando o enterro até agora eu não vou me importar esperar 2 ou 3 dias pra ser velada e cremada. Relaxem. Vai dar tempo.

O que fazer com as minhas cinzas? Sei lá, cara. Podem jogar em alguma montanha bonita, ou algum lado calmo. Se eu tiver um marido louco que quiser deixar na estante da sala, deixa ele. Se alguém quiser levar lá pro encontro das águas, se quiser jogar na pia do banheiro. Whatever. Eu não vou sentir mesmo.

Bom, eu acho que tenho muito ainda pra viver. Tenho meus sonhos. Ainda quero casar, ser uma profissional de sucesso, ter dois filhos e conhecer a Bélgica. Necessariamente nessa ordem. Mas acho que se morresse hoje ou amanhã morreria feliz. Nunca fui muito apegada às coisas materiais e sempre vivi como se não houvesse o amanhã, seguindo meu coração, meus instintos, respeitando meus limites e minhas vontades. Eu tenho os melhores amigos do mundo, a familia louca e mais completa que amo.

Minhas barbies ficarão de herança pras minhas filhas. Se eu não tiver, mandem pra alguma casa séria de crianças carentes. Minhas roupas a mesma. Meu dinheiro ou pro meus filhos, ou pro meu marido ou metade pra minha mãe e metade pro meu pai. Se até lá eu não tiver nenhum desses, tudo pra uma instituição também. Se eu tiver dívidas aí lamento...quem tiver a bondade, faz o favor.


*A história do Rim é brincadeira, tá? ;)

3 comentários:

Tati Chiba disse...

Eu não choro em velórios. E na minha terra a morte é motivo de festa, pois passamos desta para melhor.

E é o que eu sempre digo: "Não quero flores depois de ter morrido"

Bjs milga!

Mayra B. disse...

opa, então o rim ainda ta a venda? =D

O Pianista disse...

Great!!! Vai ser uma festa, onde quem vai embora é a anfitriã... Bota fora ao contrario.. oh, ser reverso... Adorei... bjs