sábado, 12 de junho de 2010

Estado Imaginário

A Felicidade é sim um estado imaginário e eu não falo apenas de ser feliz no seu mundinho porque não consigo imaginar alguém que seja feliz completamente tendo plena consciência das coisas que acontecem ao seu redor. Com as contas pra pagar, com o trabalho estressante, com o trânsito, com a convivência forçada de alguém que você detesta, com os invejosos, com o buraco que tem na sua rua, com o vizinho filho da puta que põe o pagode no último volume naquele domingo de manhã em que tudo que você mais quer é dormir. Não. Não existe.

“Ah, mas fazer o bem traz felicidade!” Meeeeeeeeentira! O que é o “bem” pra mim não é pra você. Exemplo prático: Eu ajudo um flanelinha. “Ah, coitadinho, não tem onde viver, não tem o que comer, vou dar um trocado.” Mas na verdade estou apenas incentivando ele ficar pedindo esmola a vida inteira. E quem disse mesmo que ele é um “coitado”? Quem me garante que ele não vai usar a grana pra usar droga, o que acaba colaborando com o trafico, que colabora com os filhos da puta que te assaltam na porta de casa? (já fui vitima) E mais, pensa, quem ganha 500 reais por dia “reparando” carro em balada vai querer trabalhar um dia pra ganhar um salário mínimo por mês? E eu to fazendo o bem pro cara? Tá foda.

O ser humano é um bicho completamente incompreensível. Você, rico ou pobre, nunca está satisfeito (quer sempre mais e mais). Você, bonito ou feio nunca está satisfeito (quer sempre mais e mais). Você, solteiro ou casado nunca está satisfeito (quer sempre mais, e pior, mente dizendo que não).
Seria muito bom se a felicidade dependesse apenas de um carinho, de dinheiro (ah, vá, que esse não traz felicidade, mas manda buscar um pouquinho), de saúde, de ver alguém feliz, mas já entendi, pelos tapas que o mundo me deu, que isso não é nem metade da missa. Diferente do amor, ele sim. Falo daquele incondicional. Não da paixão. Vejam: Deus inventou o Amor e o Diabo inventou a Paixão. Simples assim. O pior que ninguém escapa, nem de um nem de outro, pelo menos uma vez na vida. Você ta apaixonada? Tá na merda porque você só consegue enxergar o que você quer. Está projetando toda sua felicidade em um alguém que parece preencher o que estava faltando. Olha a merda!

O amor, não. Pra mim não existe nada maior que ele. É o começo e a razão de tudo e é por isso que é tão difícil encontrá-lo. Consigo enxergar o amor mais ou menos assim, se pudesse personificar: é uma pessoa nem alta nem baixa, nem gorda nem magra, nem bonita nem feia, tem um sorriso bonito, usa roupas comportadas e limpas. Ele usa óculos (porque o amor é meio cego. É sério!), muito educado, atencioso, engraçado, carinhoso, bom de cama(ah, va!), respeitador, fiel, compreensivo, é amigo de todos os seus amigos, sabe o jeitinho certo de te mostrar como está errada, lava, passa, cozinha e ronca(porque já tava ficando irreal demais e o amor nem é tããão impossível assim).

O dia dos namorados chegando e droga, como eu queria achar um texto que fiz em 2005. Foi, sem dúvidas, um dos melhores textos que já fiz em toda minha vida. Enfim. Essa palhaçada toda de junho me faz refletir muita coisa, e não é só porque estou “sozinha” (é sim, porque se estivesse com alguém estaria curtindo a felicidade temporária desse dia).
Ele(a) não é a pessoa da sua vida. Você pode até pensar que é despeito, mas vai lembrar-se de ter lido isso quando vocês brigarem feio, ou quando ela te deixar, ou quando ele te trair, ou quando você achar alguém melhor.

Hoje você pensa que a pessoa que você encontrou é o próprio amor que citei ali em cima. É triste observar as coisas desse ângulo, ainda mais eu como uma canceriana (e percebo a cada dia que passa o meu ascendente – Touro – ficar mais perto de mim), mas tenho por base os relacionamentos que eu vi, de tios, amigos, conhecidos, pais de amigos e meus próprios pais... Conto nos dedos quantos deles estão juntos ou estiveram juntos durante anos pelo puro, o simples, o completo, o perfeito amor. “Pois é, não deu.” Tem sempre um filho, um dinheiro, um costume, um comodismo, uma mentira, uma pressão no meio.

Quero um sapato novo pro meu pé tão cansado de se aventurar por caminhos tortos. Às vezes piso nas minhas próprias pedrinhas. Penso que já consegui tira-las do meu caminho, mas vez ou outra encontro e elas me olham como se pudessem dizer: “Ta feliz? Eu to. Se fodeu, playboy.” No fundo quero deixar o verão pra mais tarde e mandar meio mundo se foder.
Prometi pra mim mesma que nunca mais diria “nunca” e que nunca mais diria “pra sempre”. É, esses clichês sempre funcionam, afinal, não é a toa que são clichês. Prometi tanta coisa (e vale ressaltar que aquela promessa lá, que eu até tentei de novo, foi pro saco). Promessas. Elas foram feitas pra quê, minha gente? Pra gente cagar o pau. Fato é que “mulher dorflex” e a “mulher passa-tempo” morreram, e como eu costumo dizer; sou uma pessoa muito mais feliz assim, e nunca mais quero ser isso e vou repetir isso pra sempre. Prometo.

Não estou pregando o ódio, a desconfiança, a “não união”, só acho que as pessoas (inclusive eu) precisam aprender a ser mais desprendidas das coisas e pessoas. Ter consciência do que quer, aceitar as conseqüências e saber que ninguém vai viver a sua vida, nunca vão viver pra você e o mais importante: você nunca vai ser a vida de alguém.
É aquela coisa, alguma coisa a gente tem que amar, mas o quê EU não sei mais. Tô desacreditada temporariamente de tudo. Mas mesmo assim eu sei tão bem que existe alguém pra me libertar pra eu poder ter minha felicidade temporária.

Ao som de Los Hermanos, como puderam perceber, (porque não existe nada mais poético e “dor de cotovelo”) concluo que sou a maior falácia que já vi na vida. (Os posts anteriores provam isso. Droga.) Um feliz dia dos namorados pra vocês. Ou não.

Um comentário:

Tatiana Chiba disse...

AmiLga, pega essas pedrinhas velhas e chuta tudo!!!

HAHAHAHAHAHAHAHA!

=)