“Sabe quando a gente era criança e ralava o joelho, daí vinha
a mãe e soprava e a dor passava feito mágica?” Foi o primeiro parágrafo
de uma troca de e-mails de uma das minhas melhores amigas, essa semana,
enquanto eu a confortava.
Fiquei
feliz por saber que, no meio de tanta confusão, eu consigo confortar alguém. Poderia
ser fácil fazer isso com a gente mesmo, né? Ao longo do tempo eu aprendi – eu
sei que não é essa a palavra – a ser fria, e mais contida. Não falar muito o
que sinto pra todo mundo, e tentar segurar a barra, seja lá do que for. E olha,
tem horas que a gente não aguenta, e explode.
Morrer
por causa de “e se”? Disso eu não morro, mesmo. Certeza. E é o que me faz
fechar os olhos todas as noites. Viver ali, com algo empatando, com coisa mal
resolvida, nunca foi preferência, e é por isso que eu tenho a “capacidade de
reciclar o que não presta e fazer disso uma coisa boa” – frase de outro amigo -
pra mim. Mas demora, viu. Às vezes, demora, melhor dizendo.
Eu me
cobro tanto, e queria fazer tanto mais por mim, mas no final do dia eu vejo que
tô me doando, seja pro trabalho, pra amigos, pra família, mas é algo meu. Não
consigo simplesmente desligar do mundo, ser egoísta e pensar só em mim, nas
minhas vontades, nos meus problemas... Penso que é o que me faz crescer. É o
que me faz ser humano. Ter um tempo pra mim não é prioridade, porque sou
responsável pelo que conquisto, por tudo que está em minha volta.
E eu
acabo ficando bem? Não, porque eu nunca acabo, e é isso que me faz ter certeza que
vou me confortar. Eu não paro no tempo. Eu corro atrás dele. Só tenho que me
lembrar de que é o tempo que vale a pena, e não quem fica nele.
E hoje é sim um bom dia para
salvar vidas. A minha, ao menos.